13.3.14

Major Key Recordings

O verão praticamente terminou, o ano começou (passamos do carnaval) e durante os dois meses que passaram conseguimos gravar muitas coisas.

Os baixos finalizaram ainda semana passada num intensivo que eu e o Aquiles fizemos em nossos encontros, regados a churrasco e ceva. Por enquanto o que está realmente pronto é a cozinha, o gordo nosso baterista tinha terminado em Dezembro em nossa única sessão de gravação de baterias. As guitarras, ao menos a minha parte está com 75% das bases prontas e apenas Bright Horses ainda não tem tudo da base. Quanto as partes do Maurício ainda não temos nada, infelizmente.

Ontem a noite escutei as tracks e diria que vai ficar hiper massa. Ainda temos muito trabalho, a mixagem vai consumir um tempo gigante, muita coisa ainda nem foi editada e provavelmente até o momento de liberar a primeira música, ainda teremos muitas ideias de arranjos, soluços de guitarras e que deverão entrar neste disco. Ainda não sabemos o nome que terá e nem mesmo a arte da capa, não sabemos nem se estaremos vivos ou se a Major Key vai estar viva, só saberemos que terminou quando ele definitivamente ser lançado.

Este será o primeiro disco que estou gravando que foi gravado em minha interface nova velha. A qualidade, comparada com os outros discos, é impressionante. Mas preciso concordar que nem sempre é legal você fazer tudo sozinho, é sempre bom uma outra perspectiva do som, uma pessoa pra ajudar conversando antes de cada take enfim, não achei tão legal quando as outras vezes, trabalhar de engenheiro, produtor, compositor e intérprete das coisas. Este problema ainda vai aumentar ainda mais quando começarmos a gravar as vozes, tanto na captação quanto mixagem e masterização. É sempre chato ouvir sua própria voz e na mixagem, cada um dos canais são escutados novamente várias vezes durante a mix e os vocais geralmente são os que mais incomodam.

Rakta no Black Stone Tattoo & Estudio (19/02/2014)

Na última quarta estivemos no Black Stone para assistir aos shows de Sileste e Rakta. O Black Stone para quem não conhece é um estúdio, com dimensões pouco maiores que as habituais e que permite que pessoas entrem na sala de ensaios para curtir o som e na Quarta-Feira não foi diferente.

 Sileste é uma banda de São Leopoldo que engloba músicos conhecidos do underground do vale dos sinos. Com pouco mais de 2 anos a banda já lançou um álbum (excelente) intitulado Sileste com a produção do nosso querido Andrio (Medialunas/HangOvers). O som da banda é feito através de guitarras muito bem manipuladas, um kit minimalista de bateria que fornece todo ritmo que a banda precisa e não possui baixo e provavelmente seria uma redundância um baixo ali pois as guitarras fazem os graves, os médios os agudos e os ruídos para a poesia de Everton Cidade o poeta maldito de São Leopoldo.
O show estava excelente como quase todos que assisti e, assistir aquilo tudo dentro do estúdio foi de lavar a alma.

 Depois que a Sileste desligou seus amplificadores a Rakta começou a montar seu palco para mais tarde destruir tudo. A banda é formada por meninas e também figuras carimbadas do underground paulistano e com muita vontade de fazer performances únicas, Lou Reed dá um risinho de satisfação ali no canto. A banda além de contar com os habituais guitarra+baixo+bateria+ teclados possui também um theremin que fica dialogando com o celular da vocalista a todo instante. Adicione nesta mistura todos os vocais passando por camaras de eco, reverbs e tu tem um som muito mas muito maluco e diferente.



 Quando fiquei sabendo que rolaria esta turnê e que felizmente passaria por Porto Alegre fui atrás do som delas e fiquei emocionado com o vídeo delas tocando na rua, eu sou suspeito pois adoro este tipo de coisas de pessoas tocando na rua surpreendendo e sequestrando atenção dos transeuntes, pessoas voltando da escola,indo pro trabalho e que pararam pra assistir aquela devastação. A impressão que dá ( e confirmei depois) é que cada show é único e cada música soa diferente em cada show (Lou Reed dá...ok, todos entenderam a piada). É impressionante o carisma das meninas, todas se divertindo muito e a impressão que dava era que, a coisa tá tão lá dentro delas, o som do Rakta que elas estava completamente alheias as pouco mais de 30 pessoas que se acotovelavam pelo estúdio, eu como sou meio anti-social, sentei no chão, na frente dos pedais da guitarrista Laura Del Vechio (depois ela me mandou sumir dali) e foi impressionante o impacto o chão tremendo a cada chute no bumbo ou palhetada no baixo. Os vocais com eco e o som, que alguns insistem em reduzir ao Pós Punk (provavelmente pelo Chorus nas guitarras) é denso, cheio de camadas, tempo que se alterna no meio da música e contagia.

 Falamos com algumas delas antes do show e eu disse que era a coisa mais original que tinha escutado em um bom tempo. Como exercício, concordando comigo ou não que elas são originais pra caramba faça um teste e verifique quantas bandas você escutou nos últimos 4 anos que realmente eram originais, realmente uniam estilos, arranjos conhecidos mas, que traziam uma sonoridade nova, eu raramente vejo coisas assim e olhe que eu escuto música o dia inteiro no mínimo uns 20 anos.

Nem vou comentar o fator injustiça de bandas como esta não serem conhecidas e reconhecidas pelo grande público. Até porque seria redundância, algum filósofo ou bêbado uma vez falou que, quanto mais diferente o som menos pessoas irão gostar e se identificar e no meu caso, espero que tanto Rakta quanto Sileste fiquem por aqui mesmo.

Warpaint – Warpaint (2014)


Depois de uma longa espera, ao menos lá em casa (esperamos pelo show em POA também mas não vieram e odiamos elas por dois dias) finalmente saiu o segundo disco das meninas do Warpaint. O disco foi produzido por Flood e Nigel Godrich (Radiohead, Ultraista, Beck, Pavement, Travis) e posso dizer que a mão do Nigel nesta estória foi o que diferenciou um pouco este, do anterior. As músicas seguem a mesma temática de outras gravações e apresentam uma coesão maior entre os músicos.

O disco anterior que também demorou um bom tempo pra sair devido a vários fatores, mas principalmente pela troca de bateristas praticamente constante e apesar do som ser o mesmo, em alguns momentos ainda mostrava uma banda se formando. Depois deste disco uma extensa turnê sem troca de integrantes deixou elas afiadíssimas juntas. Nos primeiros minutos já se percebe que é um trabalho conjunto e de fórmulas extensamente testadas durante a tour. Um reflexo preciso das apresentações ao vivo com todas elas de olhos fechados dançando e tocando, cantando como sereias todas ao mesmo tempo. Outra diferença marcante é o uso e abuso de novos instrumentos, troca de instrumentos, o que não mudou é a troca de vocalistas nas músicas. A baixista (e atriz nas horas vagas) que pra mim é a alma da banda é quem manda e é a culpada por você escutar 10 segundos de uma linha de baixo e ela ficar na tua cabeça nas próximas 12 horas.

O resultado é excelente e os timbres estão perfeitos. A cozinha e os graves da bateria estão muito bem representados, é mais um excelente trabalho destas cheiradoras de cola que nunca decepcionaram em nada que lançaram até agora.


8.3.14

Dum Dum Girls – Too True (2014)



Nas últimas semanas foi lançado o terceiro disco das Dum Dum Girls intitulado Too True. A banda tem como líder e compositora Kristeen Welchez (Dee Dee) e contou com a mesma equipe de produção dos outros discos, Richard Gottehrer e Sune Rose Wagner (The Raveonettes), porém traz mudanças claras e perceptíveis tanto no que se refere aos instrumentos quanto a voz de Dee Dee quanto sua concepção gráfica e estética.

Richard Gottehrer, Alonzo Vargas, Dee Dee (of Dum Dum Girls), Joe LaPorta, and Sune Rose Wagner

Dois anos atrás durante a turnê do último disco(End of Daze) a cantora teve problemas nas cordas vocais e por pouco não teve que acabar definitivamente com sua curta e produtiva carreira musical. Na época shows foram cancelados e então começou toda produção para o novo disco. As mudanças na forma de cantar são visíveis e até as músicas antigas nos shows das últimas semanas estão sendo cantadas de forma diferente. Uma análise superficial minha identificou uma busca muito maior pela adolescência da cantora e em bandas , filmes e livros e coisas que influenciaram ela de alguma forma nos seus primeiros dias de descoberta. 
Percebo muita influência de Brandon Welchez, seu marido e vocalista da excelente Crocodiles. Percebo também um uso excessivo de Chorus nas guitarras, efeito utilizado a exaustão nos anos 80 e para muitos críticos, um segundo deste pedal em uma música já denuncia Pós Punk, teoria minha depois de ouvir as resenhas do Rakta (mas esta é outra história, para mais tarde, provavelmente). Outra coisa que não passou despercebida foi o som da bateria que apesar de serem acústicas foram “manipuladas” com efeitos para dar uma cara ainda mais oitentista para o álbum.


A procura pelos shows aumentou bastante e diria que foi dado um passo acima na carreira das meninas ( que contam agora com um guitarrista extra, o primeiro homem a tocar na banda), este ano ainda participaram do David Letterman pela primeira vez e o nervosismo da vocalista é evidente.

As músicas tem a mesma força dentro do disco e poucas que se sobressaem mais do que as outras que na minha opinião são Lost Boys and Girls Club (pra mim a música mais diferente que a banda já fez, comparando com os outros discos), Rimbaud Eyes e Evil Blooms. A capa é claramente inspirada no Bangerz, da Miley Cyrus e os clipes estão seguindo a temática de outros vídeos delas e com uma carga “apelativa” um pouco maior (se você me entende), todos a cargo da amiga Tamaryn (não confundir com a banda de mesmo nome). Recentemente ainda a banda fez, juntamente com o conhecido Brett Easton Elis um curta de 11minutos com Dee Dee atuando e a música Too True.