13.3.14

Rakta no Black Stone Tattoo & Estudio (19/02/2014)

Na última quarta estivemos no Black Stone para assistir aos shows de Sileste e Rakta. O Black Stone para quem não conhece é um estúdio, com dimensões pouco maiores que as habituais e que permite que pessoas entrem na sala de ensaios para curtir o som e na Quarta-Feira não foi diferente.

 Sileste é uma banda de São Leopoldo que engloba músicos conhecidos do underground do vale dos sinos. Com pouco mais de 2 anos a banda já lançou um álbum (excelente) intitulado Sileste com a produção do nosso querido Andrio (Medialunas/HangOvers). O som da banda é feito através de guitarras muito bem manipuladas, um kit minimalista de bateria que fornece todo ritmo que a banda precisa e não possui baixo e provavelmente seria uma redundância um baixo ali pois as guitarras fazem os graves, os médios os agudos e os ruídos para a poesia de Everton Cidade o poeta maldito de São Leopoldo.
O show estava excelente como quase todos que assisti e, assistir aquilo tudo dentro do estúdio foi de lavar a alma.

 Depois que a Sileste desligou seus amplificadores a Rakta começou a montar seu palco para mais tarde destruir tudo. A banda é formada por meninas e também figuras carimbadas do underground paulistano e com muita vontade de fazer performances únicas, Lou Reed dá um risinho de satisfação ali no canto. A banda além de contar com os habituais guitarra+baixo+bateria+ teclados possui também um theremin que fica dialogando com o celular da vocalista a todo instante. Adicione nesta mistura todos os vocais passando por camaras de eco, reverbs e tu tem um som muito mas muito maluco e diferente.



 Quando fiquei sabendo que rolaria esta turnê e que felizmente passaria por Porto Alegre fui atrás do som delas e fiquei emocionado com o vídeo delas tocando na rua, eu sou suspeito pois adoro este tipo de coisas de pessoas tocando na rua surpreendendo e sequestrando atenção dos transeuntes, pessoas voltando da escola,indo pro trabalho e que pararam pra assistir aquela devastação. A impressão que dá ( e confirmei depois) é que cada show é único e cada música soa diferente em cada show (Lou Reed dá...ok, todos entenderam a piada). É impressionante o carisma das meninas, todas se divertindo muito e a impressão que dava era que, a coisa tá tão lá dentro delas, o som do Rakta que elas estava completamente alheias as pouco mais de 30 pessoas que se acotovelavam pelo estúdio, eu como sou meio anti-social, sentei no chão, na frente dos pedais da guitarrista Laura Del Vechio (depois ela me mandou sumir dali) e foi impressionante o impacto o chão tremendo a cada chute no bumbo ou palhetada no baixo. Os vocais com eco e o som, que alguns insistem em reduzir ao Pós Punk (provavelmente pelo Chorus nas guitarras) é denso, cheio de camadas, tempo que se alterna no meio da música e contagia.

 Falamos com algumas delas antes do show e eu disse que era a coisa mais original que tinha escutado em um bom tempo. Como exercício, concordando comigo ou não que elas são originais pra caramba faça um teste e verifique quantas bandas você escutou nos últimos 4 anos que realmente eram originais, realmente uniam estilos, arranjos conhecidos mas, que traziam uma sonoridade nova, eu raramente vejo coisas assim e olhe que eu escuto música o dia inteiro no mínimo uns 20 anos.

Nem vou comentar o fator injustiça de bandas como esta não serem conhecidas e reconhecidas pelo grande público. Até porque seria redundância, algum filósofo ou bêbado uma vez falou que, quanto mais diferente o som menos pessoas irão gostar e se identificar e no meu caso, espero que tanto Rakta quanto Sileste fiquem por aqui mesmo.

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