12.3.12

Japandroids – Porto Alegre

A noite propriamente dita iniciou pouco depois das oito da noite. Já tinha ido buscar Summer em casa e tivemos uma visita de luxo pouco depois disso que ficou com a gente por ali para tomarmos uma cerveja. Quando ela se foi continuamos hanging around, tomei banho e liguei pro meu irmão Vignoli. Chegamos em Poa onze e meia e fomos pro Bambus tomar uma ceva pois ainda tínhamos algum tempo pois sabíamos que o show não iniciaria antes da uma da manhã.

O que dizer do Bambus? Aumentou a ceva, já era caro cinco e meio, agora tá seis. O público já não é mais aquele pessoal das bandas independentes, agitadores e etc como era no início do século. Resumindo uma piazada meio perdida. Subimos a independência e chegamos a passar pelo local, caminhando sem encontrar. Encontramos Vignoli e Bolota e cia na fila e ficamos lá conversando.

Já tinha falado pra Summer que o Vignoli e eu temos uma ligação inexplicável de gostos e etc, uma hora aconteceu de eu falar pra ele “bah, uma hora preciso te perguntar uma coisa, na camufla?” e eis que ele me responde “não sei o que tu vai perguntar mas é sim para as duas perguntas” e fato, era exatamente isto que íamos perguntar. Sendo que o isto não foi nem será explicado, tu pode apenas ter noção de que ele sabia o que eu iria perguntar e nos próximos minutos o nosso papo, meu dele e de Summer foi a respeito da pergunta e da mudança que alguns ou algum conhecido nosso tomou. Uma pessoa que se perde nos argumentos (coisa que inclusive me criticava no passado) e que acaba ofendendo a pessoa e não atacando o ponto da discussão, mais um cara legal que se perdeu e desta vez foi para as drogas pesadas.
O que dizer do BECO, meu sexto sentido raramente se engana para estas coisas e o que eu achava, o é. Patricinhas com bolsas falsas da Channel (conforme apontou Summer), viados que ao menor cruza de olhar já vão em cima de ti (cabe o adendo que nem tenho nada contra viados mas, odeio quando me atacam e foi o caso), Mauricinhos pagando de “ricos” pra ver se pegam alguma prostituta de luxo, na verdade o público muito se resumia a prostitutas de luxo e chinelos sem ter onde caírem morto tentando pagar de rei do gado e por ai vai. Muita gente mas, muita gente mesmo que estava lá dentro foi consenso que não tinham a menor chance de saber o que era Japandroids. Até arriscamos a pensar que nos primeiros 4 segundos que a guitarra estivesse ligada o pessoal todo iria fugir dali mas não aconteceu ou, as desistências foram bem pequenas.

O show começou pouco depois da uma e meia já começou chutando o balde e o que se seguiu por mais de uma hora e meia de show foi uma sequencia de momentos catárticos onde a guitarra poderia estar bem mais alta assim como a bateria, que poderia ter mais retorno para Brian King (guitarra e vocal) já que ele fez vários sinais e não entendi a dificuldade do técnico de auxiliar nisso. Mas as execuções foram impecáveis e foi um show ótimo, partida ganha como se estivesse jogando em casa e a todo momento Brian comentava alguma coisa sobre como estava se sentindo, sobre a turnê no Brasil e etc. Em determinado momento o Vignoli berrou “Safado, toca uma boa” e a partir dae “Safado” virou “The boys are leaving town” até que em um determinado momento aquilo chamou atenção de David Prowse (bateria e vocais) e ele perguntou “Sapato”. Cabe ressaltar que se esforçaram no português. A todo momento David ficava meio perdido com o SAFADO e isto se estendeu até muito depois do show terminar quando encontramos ele na saída e conversei um pouco, tentando explicar o sentido de SAFADO para um canadense, de uma terra onde se falam dois idiomas e tipo, francês sou absurdamente analfabeto. Falei em inglês e me dei muito bem e foi uma das poucas vezes que consegui me expressar rapidamente, sem erros e com desenvoltura mesmo bêbado. Chegamos a um “Dirty Boy” com ressalvas e foi muito divertido, ele ficou muito feliz por entender e muito feliz por termos gostado do show, pessoal é simples e humilde até os ossos e, acho que saíram de alma lavada de lá pois o sorriso estampava seus rostos.

Tentamos ainda inutilmente encontrar o Vignoli que já estava em estado avançado de sangue no álcool. Fomos pro bambus e ligamos pra ele pra ver como ele estava e, porque não convidar para mais algumas. Não conseguimos contato e tomamos uma ceva, sentados no chão, em frente a um café que eu e Summer vamos regularmente quando almoçamos pelas redondezas. Felizmente não avistamos blitze alguma e chegamos em casa, ligamos o computador e ainda ficamos conversando. Foi uma tremenda noite, muito feliz, por ver o Vignoli que há séculos não via, acho que nem eramos bípedes ainda. O bolota também e principalmente pela minha companheira que é algo que teria que ser monge por 3 encarnações para merecê-la, sem dúvida a melhor mulher do mundo pra mim. Casaria anteontem se ela em quisesse.

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