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27.9.11
Tsunami e Apocalipse ou o show do Primal Scream em Porto Alegre
Semana passada o R.E.M. anunciou seu fim e, para os velhos como eu o nome da banda sempre será associado a frase "It´s the end of the world as we know it and i feel fine" . É o fim do mundo, nós sabemos e estamos bem e acho que esta música tem muito a ver com o que aconteceu ontem a noite em Porto Alegre mais precisamente na minha cabeça e com muita certeza na de outros que também estavam lá.
Saímos de casa relativamente cedo, pouco depois das oito da noite. Antes de sair de casa um amigo das antigas me ligou para me avisar do show e eu peguei ele de surpresa dizendo que estaria saindo em minutos, com os ingressos na mão. Combinamos de nos encontrar por lá e só nos encontramos mesmo quando o show acabou. Larguei o carro no estacionamento e fomos para um boteco, na frente do Bar Opinião. Preços agradabilíssimos depois do choque no último show da Loomer onde paguei 7 reais por uma cerveja dentro do Garagem e pior ainda, no Bambus 5,50 assim.
Paramos em um Xis, na frente do Opinião e tomamos duas cervejas de Litro e depois demos uma caminhada nas redondezas antes de entrar. Como ainda estava rolando a banda canina gigante, tomamos outro litrão e antes de acabar pegamos copos plásticos, fumei o último cigarro e paramos bem na frente. Daniel e Bruno Galera passaram pela gente mas nem deu tempo de dar um Alô, ao lado do Opinião vi a triste figura do Thedy Correia junto com os cães e ficamos em sinal de alerta, o show deles tinha acabado já. Acho meio fim da picada termos uma lei para colocar uma banda gaúcha abrindo shows internacionais mas pior ainda que raramente escolhem uma banda que realmente precisa de espaço ou que seria beneficiada com este espaço. Convenhamos a Cachorro grande pode ser uma banda boa para muitos e tal mas, eles já lançaram alguns discos, tiveram suas chances e mesmo tendo sido inspiradas pela mesma banda que inspirou fortemente o Primal Scream, o som de ambas não tem muito a ver não.
Entramos no bar e chegamos com dificuldade ao banheiro, o bar estava mais ou menos cheio, não venderam todos os ingressos e mais tarde, o meu amigo aquele me falou q pagou quarenta reais pelo ingresso, quase metade do que paguei. O pessoal ainda montava o palco e tomamos uma cerveja lá dento e antes de terminá-la começou o show. E o que veio em diante naquelas uma hora e quarenta e cinco de shows (não cronometrei) foi algo surreal e dificilmente seria bem ou mal expressado com palavras. Como falei antes, na cabeça de cada um que estava lá, conhecendo ou não a banda as reações foram as melhores possíveis. Show completamente lisérgico, muito mais que a Nação Zumbi que assistimos no Carnaval. As primeiras músicas saíram discretas neste quesito mas emulando fortemente aquela boa fase sessentista dos Rolling Stones, os primeiro flertes com a Soul Music e muita inspiração, show redondinho.
Come Together, Loaded e uma sequência de dar inveja a qualquer boa banda que já vi em cima do palco, muito provavelmente foi o melhor show que assisti em toda minha vida e foi a hora certa de vê-los. Nunca comprei um disco deles, conhecia o Screamadelica por algumas músicas e sua estória e o disco aquele que tem Jailbird e Rocks era exaustivamente tocado e visto por mim numa MTV perdida na memória e eu assistia com sorriso no rosto. Muitas coisas que eles fizeram depois disso nem aprovei mas Swastika Eyes ontem foi de foder, uma das melhores da noite por sinal e não a toa foi executada lado a lado com Jailbird e Rocks que pra mim foi o meu auge, a música que eu esperava mais do que tudo ouvir e cantar junto.
Manny me assustou no início, incrivelmente seco, anos e anos prestados ao bom roque, antigamente pelo Stone Roses uma das melhores bandas que já existiu. Bobby Gillespie por sua vez, no auge dos seus 47 esbanjando vivacidade e estava visivelmente emocionado com a recepção do público, imagino quando aterrisaram em Porto Alegre, sul de lugar algum e devem ter imaginado "que fim de mundo vim me meter" mas, tenho certeza que depois de ver a galera como louca berrando lá, cantando junto suas músicas, na terra mais fria do Brasil mas com um calor sobre humano. Bem a nossa frente tinha um guitarrista que deveria ter quase cinquenta anos mas com um visual emprestado do Keith Richars nos seus 20 anos tocou guitarra como ninguém, um determinado momento do show fui a loucura com ele se masturbando com a alavanca da guitarra e ecos e ecos, indo e voltando nas paredes daquela casa maldita que é o Opinião. Maldita porque mesmo tendo me dado tantos shows legais me cobra oito reais por uma cerveja e me proibe de fumar lá dentro, isto nem deve ser creditado na conta deles porque a culpa é do mundo mesmo. Muita gente fumou maconha ali por perto e, tenho q dar o braço a torcer que, se não vi o cara ser jogado pra fora por um segurança crente odioso pela maconha, já é lucro. Desculpem os caretas e não fumantes mas, show sem cerveja, cigarro e maconha, ao menos o cheiro perfumando o ambiente não é show. Em determinado momento do show Gillespie inclusive brincou, falando do cheiro. Repito, 47 anos e, quem em dera chegar nesta idade com tanta malemolência, jovialidade e celebração, vida longa a ele e a todos os que estavam tocando lá ontem, nunca mais esqueceremos vocês.
Na chegada em casa olhava para as paredes e me perguntava, o que aconteceu ou "where is my mind". São momentos como o de ontem a noite que a vida vale e merece ser vivida, são momentos como este que fazem eu acordar, mesmo atrasado mas vir trabalhar, pagar impostos ir a missa (há! te peguei, mentirinha) e etc.
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