Pequeno Flashback aqui, retrocedendo 21 anos atrás. Era 91 e
eu estava no último ano (quarto) do curso de Eletronica, no Santo Inácio em
Porto Alegre, estudava de noite. Um mundo enorme estava se abrindo para mim e
não tenho muito como explicar isto ou quantificar e apenas posso dizer que a
vida batia na minha porta, abria as janelas, poros enfim. Era uma noite
qualquer e muito provavelmente eu estava de férias do colégio e estávamos indo
para um jogo de futsal, eu era goleiro e me lembro que estávamos dentro do
carro do André e tinha mais alguém junto ou alguéms, muito provavelmente o
Tuche e/ou o Marcelo.
Eu já tinha escutado falar alguma coisa, o Aquiles (sempre
ele) que estudava no mesmo colégio um dia me falou “Bah, tem uma banda nova ai,
chamada Nirvana que tá estourando em tudo quanto é lugar e é bem tri e é uma
coisa bem diferente”. Aqui um pequeno parêntese, pois é mais uma afirmação difícil de quantificar.
Para nós recém saídos dos anos 80, gravações afundadas em reverb, eco na
bateria, no baixo e em tudo quanto é lugar eu acho que os timbres das
distorções, baixos alguma coisa ali naquele som era novo pra nós. Pra mim o som
era e ainda é punk e era isto que o Kurt queria mas, enfim, terminado este
parêntese, leia “diferente” e interprete do jeito que quiser.
Mais uma vez voltando ao carro, estávamos andando e de
repente começa um som no rádio. Uma guitarra limpinha plugada num amplificador
fazendo uma introdução que de cara já se via que não inventava a roda era
simples até a medula. Mesmo que a construção daquelas 4 notas fosse algo meio
raro, Fá, Sí bemol, Sol sustenido e Dó Sustenido e depois do riff, simplesmente
entravam bateria, baixo e o cara da guitarra pisava numa turbina de avião que
despejava lixo nuclear pegando fogo e saindo pelos alto falantes e logo me veio
na cabeça um PUTAQUEPARIU de 5 minutos e de repente aquela guitarra sumia,
ficava o baixo, com a bateria marcada e apenas outra coisa ainda mais simples
na guitarra. Na hora pensei de cara no Pixies, Loud Quiet Loud e o cara começa
a cantar com aquela voz rouca, lindo e tipo pensei na hora “será que isto não é
o Nirvana?”. E veio o refrão ainda mais lindo, dava impressão que o orgasmo não
ia acabar nunca, cada parte que viria era mais a fude que a anterior e não
precisei esperar, depois de ouvir o solo, e ouvir as outras partes que, aquilo
só poderia ser o tal do Nirvana que
tinha ouvido falar dias antes. Não era possível pra mim ouvir algo tão massa e ser
realmente aqueles caras que estavam conquistando o mundo, uma banda punk, suja
conquistando um mundo que meses atrás era do Michael Jackson, dos glams.
Muito provavelmente não foi a primeira nem a última banda
que escutei, vinda de Seatle, era fato que todas as bandas tinham influências
parecidas entre elas e um som distinto mas mesmo assim todas elas carregavam
algumas características que acabavam as tornando irmãs. Nirvana era de Aberdeen
e não Seatle e foi a que chegou mais longe e teve o fim mais rápido. Semana
baixei toda a discografia para ouvi-los novamente e foi muito bom, grande
banda.
*Sheep seria o nome do Nevermind, antes de se tornar
Nevermind. Smells like teen spirit era um desodorante para crianças e esta
frase foi pichada no apartamento de Kurt, por Tobi Vail, do Bikini Kill, sua
namorada na época.
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