Já faz algumas semanas que tenho escutado o segundo disco do Camelo. Nas primeiras audições, excluindo-se a faixa de trabalho "Ô Ô" era um disco bem mais denso e dificil que o primeiro e ao mesmo tempo mais animado e divertido do que o anterior(se é que se pode chamar o Sou de divertido).
A primeira faixa já dá o tema "Triste é viver só de solidão..." canções sobre amor e solidão, como se todas as outras, desde a época dos Hermanos também não fossem no fringir dos ovos canções sobre o mesmo tema. A sonoridade desta e de outras músicas, assim como algumas faixas de Sou, que tem a participação do pessoal do Hurtmold são incríveis. Aliás chamar de participação seria menosprezar a banda pois o som é completamente calçado na sonoridade deles, todas elas se parecem e muito com as coisas do Hurtmold e é o que ainda mantém Camelo como um artista relevante ou uma promessa para um futuro próximo. Trombones, trumpetes, xilofones, escaletas, clarones e outras coisas recheam os detalhes e como falei antes, dão aquele ar de músicas do Hurtmold com um vocalista.
A segunda faixa, a primeira que foi liberada do disco através do Youtube é uma grande canção, a voz de camelo está incrível, a guitarra com uma sonoridade incrível lembrando timbres de surf music, xilofone, violões e como já tinha falado o Mathias antes, tem aquele ar de Little Joy, a banda do ex parceiro Rodrigo Amarante. Um clima mais alegre e acredito que só não é executada exaustivamente nas rádios justamente por ter toda esta coragem nos arranjos, timbres e uma sonoridade mais "moderna". Acho que as rádios ainda esperam, infelizmente uma Ana Júlia do barbudo Camelo.
Pra te acalmar, feita em parceria com André Dahmer soa melancólica e triste. Vermelho, a sétima faixa traz novamente aquele timbre maravilhoso de guitarra e é uma música bem mais alegre que as outras e ao invés de solidão, fala de amor. Pretinha traz na introdução Mazurec e seu generoso trumpete e mesmo apesar do tom melancólico, remetendo ao jazz de New Orleans a letra e a música não tem nada de triste.
Marcelo Jeneci participa em algumas faixas no piano, teclados e sanfona, Rob Mazurec no trompete, Mallu Magalhães(backing vocals) e claro o Hurtmold, que aparece muito mais que o próprio Camelo. Todas estas participações deixam o trabalho de Camelo muito melhor e eu apostaria que hoje em dia seria um tanto difícil voltar a fazer as coisas que fazia com os Hermanos. A maturidade dos arranjos muda muito o som das músicas que em sua idéia inicial não são muito diferentes do que fazia com sua antiga banda. Tempos atrás surgiu um vídeo dele, com Hurtmold e Jeneci tocando Doce solidão e era incrível, muito melhor que a original que tinha sido registrada em Sou. O artista de hoje lida muito mais com as escolhas que faz para seu disco, sua banda de apoio, os arranjos, os temas e tudo mais do que propriamente com a força de suas músicas e uma coisa você pode dizer sobre todos os seus trabalhos, Camelo é muito sincero consigo mesmo e com o que gosta de fazer.
O album anterior era até meio fraco em alguns sentidos, boas músicas mas no contexto geral deixava a desejar. Neste segundo pode-se dizer que ele acertou muito e o rumo que está seguindo pode dar ótimos resultados e, diria retorno financeiro e crítico. Acho que ele nunca foi tão livre pra fazer o que quer e possivelmente é a parte mais feliz de sua vida, isto transparece no decorrer do disco e o resultado que fica ao final de Toque dela é justamente este.
Tracklist :
1. A Noite
2. O O
3. Tudo Que Voce Quiser
4. Acostumar
5. Tres Dias
6. Pra Te Acalmar
7. Vermelho
8. Pretinha
9. Despedida
10. Meu Amor E Teu
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