23.3.11

Histórias Extraordinárias - Edgar Allan Poe (1968)


Terminei de assistir ontem ao último dos três curtas baseados em contos do mestre Edgar Allan Poe. Esta "fita" inclui diretores renomados e atores e atrizes europeus conhecidos na época fazendo suas releituras de grandes histórias.

O primeiro curta tem a direção de Roger Vadim e tem enfoque no primeiro conto publicado por Poe chamado Metzengerstein. Nele temos Jane Fonda e seu irmão Peter Fonda nos papeis principais e com certeza é o melhor deles. A história é um pouco diferente de sua forma literária mas tem um desfecho impressionante e vários atrativos. Jane Fonda faz o papel de uma mulher devassa(como esta dito no próprio filme) e entregue as suas fantasias e sua tirania. O filme é bem antigo, de 1968 e quando assistido hoje você vê varias coisas subliminares naquele tipo de produção. Existem momentos subliminares de lesbianismo, pedofilia e muitas outras coisas e estes momentos são de uma classe inacreditável. Em minhas conversas, comentamos que a tensão sexual é tremenda e é muito mais bonito e excitante como era naquela época do que é hoje. Infelizmente não temos Jane Fonda no auge da beleza e do charme para refazer o filme mas se fosse hoje, sem censura seria um filme altamente erótico e pornô e mesmo assim com uma história extraordinária de fundo. As roupas que Jane Fonda utilizam são de uma classe inacreditável lembrando bastante o figurino de Barbarella o filme que foi lançado no mesmo ano e com o mesmo diretor, que também era o marido de Fonda. Sem falar que as roupas são altamente modernas, diria que hoje em dia se fossem usadas, estariam lançando moda. Os olhares sedutores a cara de safada e os rumos ditados por Poe não poderia resultar em algo melhor e mais bonito.

O segundo filme é de Louis Malle desta vez com o conto William Wilson (que também é o nome de uma música do Smithereens). Se antes tinhamos a belíssima Jane Fonda e seu pai, na visão de Vadim, Malle traz Alain Delon e Brigitte Bardot. É outra história altamente interessante e assim como aconteceu com a obra "O médico e o monstro" virando uma citação constante para explicar personalidaes duplas, William Wilson é a citação do lado bom e o lado mau, na mesma pessoa e o peso de ambas que dá o resultado final. Como é sabido WW desde a infância comete maldades e atrocidades, trapaceia e maltrata outras pessoas e acaba sempre se confrontando com um sósia idêntico, com o mesmo nome porém bom. A direção de arte é ótima e talvez eu esteja tendo uma visão meio Voyeur destes filmes mas tem uma cena que Bardot é chicoteada e poderiamos citar S&M neste segundo filme mas talvez não tenha sido esta a visão do diretor.

O terceiro curta é de Federico Fellini e aborda o conto "Nunca aposte sua cabeça com o diabo" e o nome do curta é "A três passos do delírio" e este é o mais fraco de todos os três filmes porém tem uma atmosfera aburdamente lisérgica e tem momentos bem legais. A entrevista do ator inglês Toby Damnit num programa italiano são um dos pontos interessantes, o cara se comporta como Liam Galagher na entrevista, até pior. Em vários momentos ele conjura o demônio e em determinado momento da entrevista perguntam se ele acredita em Deus, não mas, no diabo acredita. Nas partes finais ele recebe a Ferrari, o pagamento pelo filme que iria fazer na Itália. Ele sai pelas ruas de Roma a toda velocidade e são momentos emocionantes. Apesar de ser a abordagem mais fraca, o próprio Fellini afirmou que tinha lido o conto um dia antes da filmagem, é o que mais se aproxima de Poe, em virtude da lisergia e alucinações do filme.

Sem comentários: