31.1.11

Bukoswki e as mulheres

Estava aqui com meus botões, lendo o "Bukoswki - Textos autobiográficos" que nada mais é que um livro que agrupa vários textos de Buk em ordem cronológica. Tem coisas do "Ao sul de lugar nenhum"(o maravilhoso conto com os 4 micro humanos) e outros livros publicados pela Black Sparrow Press, inclusive poesias, algumas delas até passei porque não curto muito poetry. E tem alguns contos do maravilhoso Mulheres, talvez o melhor livro do véio safado.

Este Mulheres eu tinha lido em formato digital, cinco anos atrás e além de ficar de pau duro com muita coisa escrita no livro, mais erótico que muita playboy por ai é uma crítica as mulheres e tem coisas muito legais. Tem um conto que a mulher fala pra ele que ele não sabe nada sobre as mulheres e acaba tendo um relacionamento com ele, uma mulher bonita que despreza completamente o velho mas que fica com ele. Ela a contra gosto desenha uma vagina, mostrando ao véio o ponto importante pra ensinar ele a fazer sexo oral "poh cinquenta anos e nunca fez sexo oral". Quando a relação acaba, a mulher liga pra ele toda hora, conta sobre seus homens mas ele não pode falar nada sobre as mulheres dele. Acaba ela quebrando as coisas dele e criando uma grande confusão(isto parece chamada de filme da sessão da tarde) dizendo "não me fale das suas mulheres". Me deliciei também com os relatos sobre Tammie, a minha mulher predileta do Bukowski, uma ruiva louca por anfetaminas completamente insana, muitas risadas.

Recife Last Diaries

Após o Natal, ano novo voltei pra cá pro Pernambuco e de todas as vezes que estive no Sul foi meu pior período. Não sei se foi o tempo que fiquei por lá, as emoções que vivi ou as entregas que fiz. A única coisa que sei foi que Janeiro foi ruim para mim, eu fui ruim pra Janeiro, vai saber. Tive momentos tristes, senti saudade, me senti um rato, me senti várias coisas, poucas lembravam coisas boas.

No início da semana passada comecei a melhorar novamente não por ter recebido a vacina mas por ter tentando esquecer da minha situação. Estou aqui há 10 meses e já passei por muitas fases. Quando cheguei a primeira adaptação, os momentos que não tinha comunicação nenhuma a não ser o celular, não tinha o notebook, internet. Não tinha som, apenas um mp3 player e meu violão. Tocava todos os dias, ouvindo no mp3 o Airplanes over the sea e o Love travels at illegal Speeds do Coxon e bebia minha cerveja. Foram momentos difíceis. Depois comecei a me habituar, descobri o Recife Antigo e fui criando amizades, as primeiras pessoas que conheci e que olhando hoje não me servem mais de forma alguma.

Summer veio aqui em Junho, sua primeira visita e ela mesmo fala que não foi tão bom como deveria, eu concordei mesmo sem saber muito as razões mas em Setembro foi ótimo. Fomos no coquetel molotov, vimos o Dinosaur Jr, conhecemos Olinda e mesmo os momentos que tivemos eu e ela sem shows e festas foi mais que absurdo de bom, como era quando estava no Sul. Quando ela foi embora fiquei destruido de saudades, ia pra Olinda pra amenizar um pouco estas coisas ruins.

Em Novembro fomos no planeta terra e, para ambos, foi um dos momentos auge de nossa relação. Houve uma entrega absurda, de ambos mas, acho q me entreguei muito mais. Quando voltei algumas coisas mudaram no meu trabalho e comecei a ficar irritado, os dias passavam mais devagar e, o que até então não me incomodava(o trabalho em si), começou a incomodar. E ai foi uma descendente, além da saudade, do trabalho ruim, as noites em Olinda começaram a não trazer mais as rodas de violão, as coisas mais legais e no outro dia sempre ficava em depressão.

Quando viajei, no dia 23 de Dezembro eu estava no auge da irritação. Quando voltei no dia 03 voltei triste, voltei com saudade de todos, principalmente de Summer e do Heitor. O mes de Janeiro foi duro, vários problemas, gastei um dinheiro com meu violão, para regulá-lo e ainda não ficou grande coisa, as condições do trabalho só pioraram, a saudade aumentou e, cada vez é mais difícil ficar longe do Heitor. Semana que vem vejo ele. Na outra semana Summer vem pra cá e terei uma trégua em Fevereiro mas tenho certeza que quando ela voltar, vou cair em desgraça de novo e vou ficar contando os dias pra terminar tudo aqui, arrumar a mochila e voltar.

Nos primeiros meses, teus amigos, família, conhecidos, namorada vão sofrendo. Te dão apoio e tentam se apoiar também mas o tempo vai passando e vai virando uma realidade, que você não está mais lá e principalmente o Heitor. Na última vez que fui embora recebi relatos que ele tinha ficado brabo comigo por eu estar aqui. Summer aprendeu a viver sem mim. Meus amigos também, eu estou cada vez desaprendendo ainda mais a ficar longe, a me aturar, aturar as coisas, e sobreviver com pouco carinho, com poucas pessoas sentindo minha falta.

Ainda não sei até que ponto vou chegar, aguentar mas aos poucos estõu destruindo tudo a minha volta.

27.1.11

David Bowie - Marc Spitz

Não posso precisar a idade mas, vem da minha infância a admiração que tenho por David Jones. No início eram algumas músicas e simplesmente achava ele um cara legal mas depois fui vendo a sua genialidade na música, sua atuação em filmes e também seus trabalhos comunitários como produzir um disco para o Lou Reed, pro Iggy Pop e etc. Nos anos 80 a música mais tri que achava do Bauhaus era Ziggy Stardust, na época não tinha internet mas um tempo depois fui descobrir que além da música ser de Bowie, tinha toda uma estória por tras dela. Lembro das propagandas da Pepsi ou de cigarros com Modern Love e ele de terno dançando com Tina Turner, a parceria excelente com o Queen com Under Pressure enfim, um monte de coisas incríves de que ele fez parte.

O livro me trouxe momentos ótimos e cheguei a ficar triste ontem quando terminei. Minha admiração triplicou e pude ver que mesmo sendo um gênio, um cara que ditou os rumos da música, moda, artes em geral era também uma pessoa muito humana. Mesmo sendo admirado, copiado por muitos também admirava outras pessoas(Iggy Pop, Lou Reed) ajudando elas e lidando com elas com se fosse um mero mortal, um fã tão histérico quanto seus próprios fãs.

Além de ter sido um dos precursores do glam, coisa que muita gente aderiu pra fazer sucesso, Bowie praticamente criou. Antes disso ainda tinha sido um hippie a me pareceu muito que tudo que seria moda em dois anos ele já estava ligado muito antes. Enquanto as pessoas ainda estavam tentando jogar com uma fórmula que era sucesso, ele já estava partindo pra outra coisa diferente, inovando. Várias situações eram familiares pra mim guardadas as suas proporções, claro. Analisando friamente suas composições detectei uma estrutura melódica que nunca antes tinha visto, é incrível a criatividade dele e suas letras, depois que você começa a entender o que determinadas frases dizem, a quem se referem fica melhor ainda. Continuo achando as coisas antigas, anos 70 e principalmente as primeiras coisas que ele lançou muito melhores que nos anos 80 que foi o ano de maior sucesso comercial dele.

Outra coisa que ele sempre fez foi se juntar a pessoas pra se inspirar, buscar motivação. Sempre que via shows, teatros ficava atento e tinha idéias e tudo isto foi incorporado a obra dele durante os anos. Nem preciso ressaltar também que, muitos artistas que surgiram nos anos 80, 90 e ainda hoje, nasceram por causa de Bowie e se o Velvet and Nico motivou muita gente a formarem bandas, Bowie motivou grandes artistas como Madona, Kiss e etc a fazerem shows mais teatrais e realmente grandes espetáculos e não simplesmente subir no palco e tocar.

Andei dando uma rebuscada em toda a cultura glam e me deliciei e vi muita criatividade numa época onde os sintetizadores estavam começando a engatinhar. Pra mim, o rei não é Elvis mas, Bowie.

Quando ao escritor, fez um ótimo trabalho. Deu opiniões próprias e fugiu do politicamente correto dando opiniões próprias grifadas durante os capítulos e uma coisa bem de fã mesmo nos comentários mas totalmente imparcial no decorrer do livro. Trabalhou na Spin por muito tempo e assistiu a muitos shows de Bowie durante sua vida e falou com muita propriedade tanto da música de Bowie quanto as drogas.

19.1.11

50 anos a mil - Lobão


Segunda Feira terminei de ler a autobiografia do Lobão intitulada 50 anos a mil. Assim que fiquei sabendo do livro já fui pra internet procurar o preço mais barato. Mesmo não escutando mais o Lobão e muitas vezes ter achado ele um completo palhaço, não há dúvidas que ele é um cara muito inteligente com idéias novas e sua música nos anos 80 era bem legal disputando cabeça a cabeça com gente muito boa naquela época.

O livro como toda biografia começa morno, falando do nascimento, dos avós, dos pais do personagem principal. Antes ainda do início do livro tem um pequeno texto contando o episódio protagonizado por Lobão e Cazuza no funeral de Júlio Barroso, o figuraça que era lider da Gang 90, outra banda que fez um sucesso grande no início dos anos 80 porém teve carreira abreviada em virtude do acidente/suicídio que levou Júlio.

Quando a vida musical dele começa, a adolecencia o livro começa a aumentar o nível de adrenalina imposto ao leitor. Quando entra nos anos 80 começa a minha identificação, o momento onde o rock brasileiro começa realmente a existir e muitas bandas e momentos citados eram bem familiáres pra mim. Eu estava extremamente curioso com o episódio da briga dele com o H.Viana porque era um grande mistério pra mim, eu achava q ele tinha brigado com o mundo inteiro mas nunca tinha ficado sabendo desta rixa em especial.

Eu achei que as descrições dele a partir dos anos noventa começam a ficar escassas e as matérias de jornal(embuste?) começam a tomar proporções enormes se comparando com as coisas que o Lobão escreve. Até consigo imaginar que, nos anos 80 tinha muito mais coisas pra contar, prisões, sucesso, drogas e tal e os anos 90 parecem tão murrinha mas, lá no fundo me pareceu que não era bem isto. Parecia que o livro tinha sido terminado as pressas ou mesmo que o escritor se cansou um pouco de escrever.

Outra coisa que deu pra perceber são as contradições. Comparando as coisas que ele escreve com as matérias da imprensa até se entende porque muitas vezes as coisas são distorcidas ou mesmo não entendidas e quando vai pra revista ou pro jornal o resultado é distorcido mas, tinham momentos que existiam contradições no seu próprio registro dos fatos.

Lembrei também da biografia do Cazuza, escrito por sua mãe que li aos atrás e não me lembro do Lobão ter sido citado, aliás, biografia escrita pela mãe deve ser a coisa mais morna possível.

Mesmo com estes probleminhas é um livro excitante de ler, ao menos para mim. E mesmo com as contradições, com as posições estranhas, com as brigas ele é inteligente pra caramba e, tem um talento enorme, é impossível de desprezar muitas músicas que ele fez, mesmo soando datadas são grandes músicas.

18.1.11

Mp3PLayer



O primeiro disco é o Bourgeois beat lançado em 2009 pela banda chamada The sky drops. A banda é um duo formado por Rob Montejo (guitarras, vocais) e Monika Bullette (baterias, vocais) Com um pé no grunge garantindo excelentes distorções lembrando muito as bandas de Seattle do início dos anos 90 e o outro no Shoegaze com alguns vocais femininos e melodias bem parecidas.





Outro grande disco que ouvi nos últimos dias foi o Laboratory Noise com When Sound Generates Light lançado em 2010. Disco extremamente denso e maravilhoso de escutar. Climas e camadas pesadíssimas de uma banda que possui 3 guitarras. É formada por Paul McNulty (guitarras,vocais), Paul Griffin (guitarras), Ben Cleverley (guitarras), Adam Watson (synths), Andy Ramsden (baterias, vocais), Dom Sheard (baixo) & Kerry Ramsay (vocais,percussão). Grande descoberta dos últimos dias através de uma lista de 10 melhores de 2010 de algum dos excelentes blogs shoegaze que existem na net.






E por último o melhor de todos da lista. O The Decemberists de Portland com seu sexto?!? disco "The King is dead". O nome certamente é uma homenagem ao "The Queen is dead" disco dos Smiths que é influência assumida de Colin Meloy. No passado gravou um EP com cinco músicas de Morrissey. Mas o som do The King em alguns momentos lembra mesmo o R.E.M de Life´s Rich Paggeant e Murmur nos vocais pois na realidade o Decemberists sempre pareceu um pouco com R.E.M. . Peter Buck participa em algumas faixas e Gillian Welch, excelente na faixa de trabalho intitulada Down By the Water.

17.1.11

The world is a terrible lie

Nunca fui muito apaixonado por trabalho mas já encontrei trabalhos bons, infelizmente me chutaram. Aqui no Nordeste começou tudo tranquilo pelo menos no que se refere a emprego mas, nos ultimos dois meses a murrinha tomou conta completamente. Os dias tem sido extremamente cansativos, aquele ócio, aquele pesar todo enfim, tem sido muito foda ficar aqui.

Em contra partida encontrei meios de equilibrar um pouco tudo isto. Os fins de semanas apesar de carregarem muita saudade e falta da mulher que roubou meu coração, tinham momentos agradáveis. Nem vou entrar em detalhes porque falei deles ao longo do ano passado mas, eram noites agradáveis, gente legal, rodas de violão, cerveja, risos e descobertas mas, algo aconteceu.

Pouco antes de minha viagem as rodas de violão acabaram. A liberdade e a modernidade aliado a cultura toda acabaram. Não restou nada disso e, desde que voltei do Sul em ambos fins de semana as noites foram terríveis. Quem me conhece sabe porque. Na última Sexta agora um episódio catapultou tudo e registrou a maior queda na cultura da cidade. Toda aquela admiração ficou pra trás por culpa de uma boa camada das pessoas. As pessoas que enfeiam e sujam o Brasil inteiro.

Tenho reduzido as doses cavalares de álcool e todas outras coisas que supostamente me estragam ou me deixam melhor. Meu coração está de molho no momento e ainda estou procurando onde que eu me separei do meu corpo, procurando o que eu era e ainda não encontrei. Tive uma carga enorme de problemas ano passado e passei no teste com pequenos erros, espero q esta força volte e que volte em breve para que eu possa salvar ainda o que resta de mim mesmo e de parte de mim que foge.

13.1.11

Lobão e Gang 90, primeira série

Acho que já tinha comentado no post anterior sobre a minha ligação com a autobiografia do Lobão e outras coisas que remetam aos anos 80. Década de inúmeras descobertas para mim em virtude de adolecência, música, as primeiras paixões e etc. Irei reproduzir aqui dois fatos marcantes para mim e que me vieram a cabeça nos últimos dias.

A figura de Júlio Barroso, vocalista da finada Gang 90 e as Absurdettes é mítica para mim. Já li em vários lugares comentários sobre a personalidade ímpar do cara. Lembro também da novela Louco Amor que eu adorava e naquela época trazia Glória Pires e Fábio Jr, novinhos e fazendo o casal principal de toda trama. A abertura da novela se dava com a música de mesmo nome, da Gang 90. Lembro que estava na primeira série e adorava esta música. Eu, o Roger(que meio que perdi o contato) e o Aquiles(que conversamos até hoje e muito possivelmente é meu amigo de mais longa data que ainda mantenho contato) andávamos pelo pátio da escola Caetano cantando a plenos pulmões, esta da Gang 90 e outras coisas como Ney Matogrosso, Alceu Valença e etc abraçados caminhando no pátio.


Outra memória que tenho é que meu pai trabalhava para uma multi nacional e todo ano ele participava da convenção anual da empresa. Isto significava uma viagem de uma semana para fora do estado e iamos levar ele no aeroporto e buscá-lo no momento da volta. Conto pra Summer as vezes que o aeroporto Salgado Filho assim como os outros aeroportos brasileiros e quiça até mundiais eram toscos. Tinha uma espécie de sacada enorme onde você via as pessoas descendo do avião. Não existiam aqueles túneis móveis que levam os passageiros da sala de embarque até o avião. Chegava a escada na porta do avião e as pessoas começavam a descer e abanar para seus familiares, na "sacada" do aeroporto. Era um momento bonito. Numa destas convenções aconteceu de estarmos lá esperando o pai aparecer na porta e descer as escadas para o conhecido "abano" e eis que aparece um cara vestido de preto, aparentemente alto pra caramba e com uma morena explicitamente gostosa, voluptuosa* lado a lado. Este cara desceu a escada fazendo o maior escarcéu e quando chegou na pista do aeroporto pegou a mina e colocou nas costas, faziam um casal bonito. Logo reconheci que se tratava do Lobão, que na época eu era fã, ele era odiado pelos pais mas amado pelas meninas e meninos naquela época. Lembro que até na área de bagagens o big Wolf fez muito escarcéu e depois comentei com o pai sobre isto. Que o Lobão estava no vôo, se o pai não falou com ele e, meu pai apenas chamou ele de imbecil, disse que ficava caminhando pelo corredor do avião a todo momento em muitas fugas para o banheiro e tal, na cabeça do meu pai, ele queria chamar atenção. Na minha cabeça hoje sei exatamente o porquê das fugas todas e para o comportamento dele no aeroporto. Seria muito legal se Lobão contasse algo desta viagem mas, certo que não falará.

* a menina trata-se da prima do Lobão, 15 anos mais nova que foi esposa dele e capa de um disco(Rock Errou) do Lobão onde aparecia pelada.

12.1.11

Lobão, rock nacional 80´ e eu

Na semana que precedeu minha visita aos MEUS eu tomei conhecimento que estava no mercado a Biografia do Lobão, "Cinquenta anos a mil" e nem pensei duas vezes, comprei. Nunca fui um fã fundamentalista de suas músicas mas é fato que eu admiro muito ele, por motivos errados ou não. Ele participou de muitas músicas e bandas que gostei e tocou com gente que admiro muito e suas estórias são de lascar. Tem outro lance de admiração que tenho por ele que é chegar em conclusões ou adendos muito interessantes em debates e conversas em geral talvez por ser um cara que lia muito e conhecia muito de muita coisa.

O livro é muito bom e tenho me maravilhado com várias estórias. Outro ponto interessante é que a ascensão dele foi numa época onde eu estava me ascendendo para a vida, criando asas e descobrindo coisas. As "discotecas" que eu ia e tocavam as músicas do Lobão, da Blitz, do Camisa de Venus, RPM e etc, toda aquele movimento que meio que acordou pessoas como eu e acordou o Brasil para o rock nacional, aquela chacoalhada dizendo "hey, existimos". Até aquele momento não existia Rock Nacional em rádios as raras bandas que existiam ficavam esquecidas tirando algumas rara exceções que foram os Mutantes, Secos e Molhados que no caso da segunda além do reconhecimento internacional, de crítica ainda vendeu pra caramba. Resumindo foi um marco, gente mais velha que eu talvez não concorde com tudo mas sabe que tem muito de verdade no que digo. Foi o começo da influência punk dos anos 70 nos jovens brasileiros que culminaram na tão falada cena de Brasilia, Porto Alegre e no eixo Rio-São Paulo que todas estas migravam assim que gravavam o primeiro compacto.

Uma coisa que foi surpresa pra mim foi o fato do Lobão ter tocado com Arnaldo Baptista, na verdade criaram um projeto que não passou dos ensaios porque primeiro o Lobão tentou suicídio e enquanto estava em coma no hospital, Arnaldo tambem foi internado e também tentou suicídio. Lulu Santos tocando roque progressivo com Ritchie e Lobão, o início da Blitz. Muitas emoções me aguardam. Não a toa que estou lendo este e outro do Bukowski(que tinha começado antes) ao mesmo tempo.

Gosto de ler biografias de músicos para descobrir exatamente onde errei em minha vida e para ouvir estórias escabrosas, estórias que geralmente se escuta na mesa de um bar.

Livros

01 - Onde os velhos não tem vez - Cormac McCarthy
02 - O sol também se levanta - Ernest Hemmingway
TUDO SE ILUMINA - JONATHAN SAFRAN FOERS*
03 - Erections, Ejaculations, Exhibitions and General Tales of Ordinary Madness ou Fabulário geral do delírio cotidiano - Charles Bukowski
04 - Nada de Novo no Front - Erich Maria Remarque
05 - O fantasma sai de cena - Philip Roth
06 - As Ilhas da Corrente - Ernest Hemmingway
07 - Cachalote - Rafael Coutinho e Daniel Galera
08 - O clube do filme - David Gilmour
09 - A Morte de Bunny Munro - Nick Cave
10 - Ao sul de lugar nenhum - Charles Bukowski

Este não foi o ano que mais li livros talvez mas com certeza foi o que mais comprei. Encontrei alguns sebos por aqui(Marques de Recife, ao Sábados, na Boa Vista) e achei muita coisa barata e fui comprando as pencas. Este foi o ano que finalmente li Hemmingway e acho que dormi por muito tempo até conhecer este cara. Consegui encontrar coisas do Bukowski que ainda não tinha lido e ainda deixei 3 bons livros de fora de minha lista. Flashback do Timothy Leary que começa muito bem e traz muitas informações, coisas úteis para meus fins de semana por aqui. O túnel do argentino Sábato e também o livro de contos de Frederick Forsyth chamado Sem perdão que, reune contos muito bons. Minha estante ainda está cheia de livros que não comecei ou terminei de ler então como a coleção completa do Hemmingway, a Sombra do vulcão do Lowry, os 33 e 1/3 e outras coisas. Realmente o ano de 2011 promete muitas emoções.

UPDATE : Graças à Summer eu consegui corrigir a injustiça de não ter incluído o Foers em minha lista nem citá-lo no texto e ter me esquecido completamente da existência dela, que engano. Maldita memória.

Discos internacionais

01 - Beat the devil´s Tattoo - Black Rebel Motorcycle club (2010)
02 - Of Montreal - False Priest (2010)
03 - Serena Manesh - No 2 : Abyss in B Menor(2010)
04 - Frank Black - NonStopErotik(2010)
05 - Sloan - A sides
06 - Polvo - In Prism(2009)
07 - Graham Coxon - Love travels at illegal speeds
08 - Teenage Fanclub - Shadows(2010)
09 - Ceremony - Rocket Fire
10 - Admiral Radley - I heart California(2010)

Só pelo fato de várias bandas que admiro pra caramba terem lançado album neste ano já fez deste um grande ano de lançamentos. Teenage Fanclub que estava desaparecido desde 2005 lançou o Shadows, o Polvo outra que estava desaparecida há séculos lançou um album maravilhoso. Incluí na lista o disco do Coxon em virtude de ter gastado ele nos primeiros meses do ano quando cheguei a Recife. O Elf Power ficou de fora da lista e o disco que eles lançaram foi bem mediano. Ficaram de fora também e com bons discos lançados o Japandroids, Fleeting Joys, os relançamentos dos Birds, Ulysses e outras coisas.

Shows

01 - Of Montreal - Planeta Terra
02 - Pavement - Planeta Terra
03 - Dinosaur Jr - Coquetel Molotov no Ar
04 - Yeasayer - Planeta Terra
05 - Otto - Coquetel Molotov no Ar
06 - River Raid - April pro rock
07 - Holger - Planeta Terra
08 - Wado - April pro rock
09 - Vendo147 - April pro rock
10 - 3naMassa - April pro rock

Este com certeza não foi o ano que mais assisti shows pois em 2003/2004 eu assistia uns 3 shows por semana. Mesmo assim foi o ano mais turbulento e com mais emoções em shows. Muito disso deve-se ao fato de Pernambuco ser um estado muito mais organizado para shows, incentivos do governo do que qualquer outro estado que morei. Além disso o meu trabalho aqui e minha namorada Summer permitiram que ambos fossemos ao Planeta Terra, de longe o melhor evento musical que já assisti em toda minha vida, tanto pela organização quanto pelas bandas que se apresentaram. Junte isto a emoção de ver o Of Montreal ao vivo, uma coisa que jamais imaginei nos idos de 98 quando comecei a escutar o trabalho deles e na mesma noite que o Pavement também se apresentou.

Filmes

01 - Inception (2010)
02 - A serious man (2010)
03 - Thirst (2009)
04 - The Box (2009)
05 - Away we go (2009)
06 - The Social Network(2010)
07 - Crazy Heart(2010)
08 - Educação(2009)
09 - The hurt Locker (2009)
10 - Leaves of grass(2010)

Muitos filmes ficaram de fora desta lista como o The Road baseado num livro de mesmo nome de McCarthy que teve um resultado meio decepcionante para mim. Foi mais um fetiche de comparar a minha imaginação com as imagens da película. Gamer que apesar de ter um roteiro meio fraco e ser um filme completamente sessão da tarde eu admirei muito algumas idéias do filme. Avatar foi um filme surpreendente para mim pelas imagens e efeitos mas aqui, o foco é outro. Time Traveller´s Wife apesar de ser um filme mediano me emocionei muito. Sicko foi outra decepção e o Michael Moore pra mim já deu o que tinha que dar. Death Proof de Tarantino eu achei horrível e o Machete não fica muito atrás. Outro que ficou de fora foi o The Human Centipede que achei que tinha todas as características de um bom filme de suspense com, uma dose exagerada de escatologia. Por fim Under the volcano, um grande filme e que me fez me lembrar muito de um grande amigo meu.

Melhores de 2010

Vou aos poucos colocando aqui minha lista de destaques do ano de 2010. Os discos que ouvi, livros, filmes e outras coisas dignas de citação estarão presente. Cabe ressaltar que para mim os Melhores de 2010 são as melhores coisas que vi, ouvi, li, etc no periodo de 2010 que compreende o fim da lista do ano passado até o presente momento. Outra coisa digna de nota é que muita coisa boa pode ter passado batido e nem foi citada aqui. Outro destaque foi minha ida ao cinema, fazia no mínimo uns 5 anos que não entrava em um cinema e isto só aconteceu porque fiquei completamente transtornado para assistir o Inception e valeu a pena. Minha lista de discos nacionais ainda nem está pronta e sei que muita coisa boa foi lançada e talvez não tenha escutado mas, escutei boas coisas e coisas fracas demais para estarem em minha lista. Muito possivelmente encontraremos algumas categorias que nem terão lista mas um pequeno texto falando destas coisas "boas" que passaram por mim. Para poupar o trabalho e compactar um pouco os textos não colocarei novamente a capa dos filmes e discos como fiz nos outros anos. Para finalizar gostaria de aconselhar seriamente todos os títulos encontrados nestas listas pois todos fizeram minha alegria no ano que se passou.

5.1.11



Graças a minha irmã assisti dois filmes que ainda não tinha visto. O primeiro foi "hot tub time machine" e no Brasil carinhosamente intitulado "Ressaca" estrelado por um grande cara chamado John Cusack, que sempre salva seus filmes se os mesmos não tem conteúdo suficiente. Ressaca eu diria que é assim. Apesar de idéia ser boa o roteiro acaba se perdendo um pouco e tranformando um filme num filme oitentista pra caramba. Ecos de "De volta para o futuro" ou "efeito borboleta". O filme inicia-se com uma tentativa de suicidio de um amigo do personagem interpretado por Cusack, os amigos que ainda restam são chamados já que o suicida supostamente não tem família. Quando chegam lá e conversam com o médico o mesmo sugere que eles tentem mostrar ao amigo renegado que ele tem amigos e tal e eles tem idéia de irem em um lugar que iam quando jovens ou seja, nos anos 80. Eles entram todos em uma banheira e acabam voltando aos anos 80(não me perguntem como isto aconteceu, lembrem que é um filme). Momentos engraçados pra caramba.




O segundo filme "Leaves of grass" ou "Irmãos de sangue" estrelado por Edward Norton em dois grandes papéis. Num deles ele é Bill Kincaid um filósofo e professor que escreve livros, artigos e é respeitadíssimo e assediadíssimo por suas alunas. Seria o tipo de um filósofo pop se é que isto existe. Seu irmão gêmeo Brady seria o contrário absoluto, um traficante apaixonado por maconha e outras drogas naturais que passa por apuros. Apesar do irmão "caipira"(Oklahoma) ser maconheiro, seu QI é bem maior que seu irmão filósofo. Eu precisava colocar esta frase anterior ai, não explicarei.

Na verdade, a mãe de ambos era hippie e pelo que dá a entender do filme, enquanto Brady aceitou o hippismo da mãe e acabou se tornando algo parecido com ela, no caso de Bill, se enjoou desta vida de fumar maconha e fugiu de casa para estudar filosofia e praticamente nunca mais visitou a família. Brady simula sua morte pois tanto sua mãe quanto ele precisam da visita do irmão pop. Brady está envolvido em uma encrenca e precisa da ajuda do irmão. Depois de pegar um emprestimo para construir um laboratório para plantar e pesquisar o plantio de maconha hidroponica, está agora completamente individado e tudo indica que será assassinado se não pagar e, no caso, Bill entraria como álibi afinal quem acreditaria que um filósofo e um maconheiro seriam irmãos(putz, todo mundo eu acho). Apesar dos momentos engraçados do filme como quando Brady comenta que o irmão foi morto por uma flecha e o seu interlocutor fica surpreso e ele diz que em seu estado isto é bem comum(não a toa, terra dos Flaming Lips), ou nas várias vezes que é consumida a maconha no filme, existem coisas bem sérias no filme. O irmão maconheiro por exemplo tem um QI muito maior e, em um momento os dois conversam e ele diz que leu um artigo de 20 paginas falando sobre apenas uma palavra que Aristóteles escreveu e isto resume muito bem a área do seu irmão. Vários momentos divertidos e engraçados no filme. Destaque absoluto para o quarto de Bill.

RS Diaries


No dia 23 peguei o avião, carregado de pacotes, malas, mochilas para passar as festas de fim de ano perto do Heitor, Summer, amigos, família e etc. Estava muito apreensivo quanto a viagem mas, no fim tive atrasos irrisórios e cheguei no sul praticamente no horário previsto. Heitor foi me buscar no aeroporto junto com Summer e meus pais. Nada melhor que o retorno, como se fosse um soldado voltando da guerra, comidas boas, carinho e ser tratado como rei em uma casa que já foi minha.

No Natal foi meio estressante para mim. Não estou acostumado a ter pessoas por perto conversando, agitação e etc e o Natal foi bem agitado e quase tive um colapso nervoso. Gente gritando, amigo secreto, buscar Heitor, buscar summer e finalmente a hora de sair pra ver os amigos e ter um pouco de descanso. Ganhei uma capa personalizada muito massa e estava precisando muito. Um kitzinho para vinhos que nem trouxe pro Nordeste porque aqui é praticamente impossível tomar vinho mas, ele será bem cuidado. Minha prima querida me tirou no amigo secreto e me deu dois livros do Ian Mc Ewan, que gosto muito apesar de ter lido apenas Jardins de cimento, dele. Passei na casa do jax munido do meu violão e doces e tivemos nosso momento de matar a saudade com nossas 12 cordas juntas. Foi bem legal mas, quando vimos já era 4 da manhã e voltamos pra casa correndo pra termos tempo de dormir.

Foi muito bom ficar perto do Heitor, brincar com ele, agarrá-lo e as vezes até dar um xingão nele pra mostrar quem manda. Mesmo assim tinha horas que eu precisava de um descanso pois o guri está utilizando baterias duracell, deuls meu. Na quarta fomos num barzinho ali perto de casa e conversamos bastante, nos divertimos, deu tempo de fazermos um som também e o som do bar é uma beleza, o tal do Letra e música, cobicei muito o bar. A noite terminou muito tarde lá em casa comigo com Summer e com o Jax assistindo clipes da Siouxsie.

O ano novo também foi massa. Eu fiz uma carnezinha de porco e uma lentilha para mim e para Summer e comemos cedo para nos preparamos para a noite. Ninguém fica muito bem comendo e bebendo tudo junto. A Sheila e o Marcelo foram lá pra casa e os papos foram até longas horas da manhã do dia seguinte. Esteio praticamente parou nestes dois fins de semana e acabei nem comendo um xis da 15 como queria, comemos um xis horrível na última noite depois de esperarmos mais de uma hora. Foi tudo muito bom mas, foi horrível a hora da volta.

Eu estava feliz que voltaria de TAM, pra mim a melhor empresa de aviação mas desta vez foi um caos. Em Curitiba mandaram que todos descessem do avião para a troca da tripulação que iria demorar um pouco. Todos os passageiros ficaram ouvindo desculpas mil até a 1 da manhã de Terça feira quando finalmente os atendentes da TAM desistiram e disseram que não teriamos voo realmente. A Infraero passou por lá, depois de umas 4 horas de atraso no voo e pra variar não fez nada. A polícia federal também estava. As duas horas consegui remarcar o voo e me aconcheguei num canto do aeroporto e fiquei lendo meu Bukowski até as quatro e meia quando começava novamente o setor de bagagens. Despachei as malas e fui tomar um café da manhã e esperar o dia amanhecer na capital Paranaense. No vôo de volta mais atraso e paramos em Brasília para uma conexão. Lá também atrasou e fui chegar quase uma da tarde em recife depois de dormir alguns minutos dentro do avião.

Acordar hoje para voltar a vida real foi decepcionante. Aos poucos estou me acostumando de novo mas, é bem chato isto. Já não vejo a hora de voltar, de Summer estar aqui, qualquer coisa.

* A "pose" da foto e organização dos personagens foi uma idéia da minha criativa prima Cléa, maior orgulho meu em se tratando de primos. Amo ela. Pra minha sorte ela me tirou no amigo secreto da familia e me deu belíssimos McEwan.